Em meio à pandemia, governo do Pará investe R$ 150 milhões em reforma de Estádio

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA), vai investir aproximadamente R$ 150 milhões na reforma do Estádio do Mangueirão. A ordem de serviço para a obra foi assinada em 26 de fevereiro deste ano.

De acordo com os dados do próprio governo estadual, o orçamento previsto é de R$ 146.983.028,29. A capacidade de público também será ampliada para mais de 50 mil pessoas.

O chefe do executivo estadual inclusive já viajou ao Rio de Janeiro para uma reunião com membros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e manifestou o interesse de promover uma partida de futebol da seleção brasileira em 2022, na reinauguração do Estádio.

As obras foram anunciadas em meio à pandemia do vírus chinês e ocorrem enquanto o governador Barbalho é alvo de escândalos por possíveis irregularidades na gestão da crise sanitária.

Helder Barbalho foi alvo da Operação Para Bellum, da Polícia Federal, que apura fraudes na compra de respiradores pelo governo do Pará mediante dispensa de licitação.

A compra dos respiradores custou ao estado do Pará o valor de R$ 50.4 milhões. Desse total, metade do pagamento foi feito à empresa fornecedora dos equipamentos de forma antecipada, sendo que os respiradores, além de sofrerem grande atraso na entrega, eram de modelo diferente do contratado e inservíveis para o tratamento da Covid-19. Os aparelhos acabaram sendo devolvidos.

O Ministério Público do Pará (MPPA) já pediu o afastamento do governador por improbidade administrativa e a Justiça determinou na semana passada o bloqueio de bens que estão em nome de Helder Barbalho.

Neste domingo (18) o governo foi alvo de mais uma polêmica: dezenove respiradores foram encontrados no Hospital Abelardo Santos, em Belém, escondidos dentro de uma parede falsa.

Em entrevista ao canal Terça Livre, desta segunda-feira (19), David Mafra, paraense que por meio das redes sociais fez com que o caso dos respiradores escondidos ganhasse repercussão, falou sobre a reforma no estádio.

“Em plena pandemia, com pessoas morrendo, gente sem estrutura mínima para viver, o estado carente de quase tudo, o governador está investindo na reforma do estádio”, diz. “Para se ter uma ideia, temos a cidade de Ananindeua, perto de Belém, que tem apenas 2% de uma população de mais de 500 mil habitantes com acesso a esgoto. É segunda maior cidade do estado do Pará e apenas 2% da população têm acesso ao esgoto”, acrescentou Mafra.

Respiradores escondidos

Uma vistoria feita no Hospital Regional Abelardo Santos, a 20 quilômetros de Belém (PA), descobriu 19 respiradores novos em uma “parede falsa” de uma sala da unidade hospitalar. A descoberta aconteceu durante o processo de troca de gestão da Organização Social de Saúde (OSS) Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu, que administrava o hospital, no dia 22 de março.

A instituição, que fica no distrito de Icoaraci, é referência no combate à Covid-19 e atendia exclusivamente pacientes com a doença até o dia 15. O governo do Pará confirmou a informação sobre a descoberta dos ventiladores, mas negou a existência de uma parede falsa e afirmou que uma comissão interna está apurando as razões dos aparelhos não terem sido utilizados até aquele momento.

Uma funcionária do hospital afirmou que os respiradores estavam atrás de uma parede falsa no auditório do prédio e que foi preciso quebrar a parede para terem acesso aos equipamentos.

Segundo a funcionária, que preferiu manter a sua identidade preservada, o patrimônio do hospital é contabilizado e os 19 respiradores eram registrados, mas estavam desaparecidos. Por conta disso, ainda de acordo com ela, o setor financeiro da Secretaria Estadual de Saúde estava à procura dos equipamentos, mas a história foi abafada.

Por Gleyson Araújo, com informações do site Terça Livre