Assessor de Lula volta a se recusar a chamar Hamas de terrorista

Celso Amorim repetiu que a definição sobre o grupo extremista não é questão central do conflito no Oriente Médio

O assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, voltou a se recusar a chamar o grupo Hamas de terrorista. Em entrevista à emissora GloboNews no domingo 15, ele reiterou sua opinião de que concentrar a discussão sobre a guerra entre Israel e Hamas na adoção do termo “terrorismo” pelo governo brasileiro seria “um equívoco”.

Para ele, essa “não é a questão central” do conflito. “Não vou dizer que é uma falsa questão”, disse Amorim. “É uma questão, mas não é a questão central. Estamos empenhados em salvar vidas. A vida dos brasileiros em primeiro lugar, o que exige uma locução variada.”

Em defesa do governo brasileiro, ele afirmou que “não há dúvidas” de que o governo do país tem “condenado veemente” o ataque do Hamas. Porém, ele se negou a dar uma definição de terrorista ao grupo, com o argumento de que o Brasil partilha das decisões da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Esse rótulo, essa qualificação, só aceitamos a que é dada pelo Conselho de Segurança da ONU”, disse Amorim. Ele citou um post de Lula no Twitter/X, em 7 de outubro, quando o conflito teve início. Na ocasião, terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram e sequestraram civis. Lula manifestou repúdio aos “ataques terroristas”, mas não citou diretamente o Hamas.

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Enquanto também resistia em definir o Hamas como terrorista, Amorim buscou outra justificativa em uma declaração do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na ONU.

“Há um ato bárbaro que foi muito criticado pelo governo, com os termos mais veementes, e continua sendo”, afirmou Amorim, que foi o chanceler brasileiro durante os dois primeiros governos de Lula na Presidência da República. “A resolução que a gente apresenta lá (na ONU) menciona que são ações terroristas, usa até uma palavra mais forte ainda na definição, que agora não me lembro, um adjetivo, ‘horrendo’, ou algo assim, que agora não me lembro exatamente qual é.”

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Na sequência, ele ainda justificou que a ONU “nunca conseguiu definir direito” o sentido do termo “terrorismo”. Ele buscou desviar a discussão para outra esfera, em que fosse definida a ocorrência de crimes de guerra dos dois lados, não apenas do Hamas, que iniciou o atual conflito ao invadir Israel.