Rim de porco é transplantado para ser humano pela 1ª vez

Paciente de 62 anos possui doença renal em estágio terminal

Um hospital de Boston, nos Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira (21) que conseguiu, pela primeira vez no mundo, transplantar um rim de um porco geneticamente modificado para um paciente de 62 anos que sofre de doença renal em estágio terminal.

O paciente, identificado como Richard Slayman, morador de Weymouth, Massachusetts, “está se recuperando bem e em breve poderá receber alta”, informou o hospital.

O Massachusetts General Hospital explicou, em comunicado, que a operação foi realizada no dia 16 de março e durou quatro horas, no que disse ser “um marco inédito” na busca de disponibilizar órgãos rapidamente aos pacientes.

O rim do porco foi “editado com 69 genomas” usando a tecnologia CRISPR-Cas9, que envolve a remoção de genes de porco potencialmente prejudiciais e a adição de genes humanos para torná-lo compatível com um corpo humano. Os cientistas inativaram retrovírus endógenos no porco para minimizar possíveis infecções.

O animal doador foi fornecido por uma empresa de Massachusetts chamada eGenesis, especializada em transplantes e na modificação de organismos animais para torná-los compatíveis com humanos em um processo conhecido como “xenotransplante”, de acordo com o site da empresa.

Slayman, que sofre de diabetes tipo 2 e hipertensão há anos, já havia recebido um rim humano em dezembro de 2018; mas, cinco anos depois, o rim transplantado lhe deu problemas e ele teve que voltar à diálise. Isso o levou a apresentar problemas vasculares que o obrigaram a fazer exames a cada duas semanas, com grande impacto em sua vida pessoal.

O hospital ressaltou que o rim é o órgão mais procurado nas unidades de transplante dos EUA: somente nesse hospital há uma lista de espera de 1.400 pacientes renais, e alguns deles morrem sem receber um transplante, de acordo com a Sociedade Americana de Nefrologia.

Há 100 mil pessoas nos EUA que precisam de transplantes de todos os tipos (inclusive de tecidos) e, em média, 17 pessoas morrem todos os dias sem receber um, de acordo com a Rede Nacional de Transplante de Órgãos.

Fonte: EFE